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Canções de Chico César são “pedradas” de amor…

Contemporâneo dos recentes fatos mundiais e nacionais, o compositor paraibano de Catolé da Rocha lançou recentemente, em setembro de 2019, mais um significativo trabalho: “O Amor é um Ato Revolucionário”.

Por Val Gomes

Desde o álbum Aos Vivos, lançado em 1995, com as emblemáticas “À primeira vista” e “Mama África”, Chico César tem ocupado um espaço importante na MPB, com canções líricas, críticas, dançantes e contemplativas.

Ouso dizer que ao surgir para o grande público, logo após à histórica década protagonizada com dignidade pelo rock nacional na mídia, Chico César amplia os belos horizontes para outros artistas como Zeca Baleiro, Paulinho Moska e Vanessa da Mata e ressalta ainda mais os já grandiosos trabalhos de Lenine e Lula Queiroga.

Contemporâneo dos recentes fatos mundiais e nacionais, o compositor paraibano de Catolé da Rocha lançou recentemente, em setembro de 2019, mais um significativo trabalho: “O Amor é um Ato Revolucionário”.

São 13 faixas, além de uma bônus, com arranjos instrumentais e vocais muito bem elaborados, incluindo marcantes solos de guitarra, sopros e menções ao mangue-beat de Chico Science, ao reggae, ao rock, ao jazz e, é claro, às ricas e altamente criativas dicções nordestinas.

Talentoso nas palavras, com elas Chico César tece canções de amor (mas um amor poderoso, “por estados e religiões temido”), saúda a liberdade e lança “pedradas” contra as diversas faces do fascismo, do preconceito e do escravismo.

Ao contrário dos que se limitaram esteticamente para, por puro marketing, parecer revoltos, na MPB, em que orgulhosamente se reconhece, Chico César dá um banho de poesia, com fina ironia literária, ampla musicalidade, conhecimento crítico da realidade, anĭma, bom humor e alegria.

“O Amor é um Ato Revolucionário” é, enfim, uma obra aberta para se ouvir várias vezes e novamente reconhecer que na linha evolutiva da música popular brasileira Chico César tem para sempre um lugar ao sol.

O Amor é um Ato Revolucionário

O amor é um ato revolucionário
Quem vive amando dando amor e sendo amado
Colhendo o que lhe é oferecido
E a si mesmo se coloca ofertado
Se este está nu veste-o manto sagrado
Que ao que ama o infinito faz vestido
De deus e os deuses sim é o mais querido
Mesmo no escuro seu sentir é iluminado

O amor é um ato revolucionário
Por estados e religiões temido
Quem pelo amor é pertencido
A si governa e só a ele é confessado
Quem ama ao andar cria sua estrada
Em seu voo vê as planícies prazerosas
E no cume das montanhas alterosas
Toca em gozo a rosa viva imaculada

Não será jamais pelo mal tocado
Seu eu profundo não é nunca profanado
Só mesmo o tolo nega do amor o apostolado
E a seus apóstolos diz que vivem em pecado

O amor é um ato revolucionário
À besta humana torna em anjo apascentado
Em amoroso afia o espírito mais irado
O corpo e a alma um no outro todo e tudo
Quem ama fala ao mundo mesmo mudo
Seu pulso é a pulsação do universo em dança
Nas inquietações da guerra insana a paz alcança
Quem traz a lança do amor e seu escudo

Ouça todas as faixas:

 

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